A repercussão que teve os
protestos das atrizes no Globo de Ouro desse ano, dia 07/01/2018, foi mundial.
As atrizes se vestiram de preto em protesto e aderiram à campanha Time's Up – (apoio às mulheres que falaram abertamente de abusos sofridos). Isso
porque depois que a primeira atriz transformou público o abuso que sofreu por
um produtor de filmes, várias atrizes também declararam ter sofrido abusos. e denunciaram com a #metoo (eu também) nas redes sociais.
E todo o mundo está falando sobre isso. O que é ótimo! Tem que falar mesmo, tem que mostrar para todo mundo mesmo que o feminismo é só uma palavra diferente para busca por direitos iguais de fato e que os abusos são mais frequentes do que as pessoas pensam.
Essas coisas inspiram a
gente. Porque toda mulher, toda, sem exceção, já passou por algum tipo de
constrangimento, ou abuso, ou violência, ou desrespeito, mesmo que ela mesma
não saiba.
Quem nunca ouviu um
“fiu-fiu” quando andava na rua, um “ei gostosa”, um “ê lá em casa”? Tem mulher
que gosta? Tem sim. Tem mulher que não gosta? Tem também. Só que esse “fiu-fiu”
pode se transformar em um puxão pelo braço, ou em uma ejaculação no pescoço. O
“ei gostosa” pode se transformar numa exigência violenta de transar. O “ê lá em
casa” pode se converter em um estupro.
Símbolo da campanha |
Então, se você gosta
desse tipo de abordagem diga respeitosamente ao seu interlocutor: “senhor,
muito obrigada pelo elogio, mas acho que o senhor não deveria abordar todas as
mulheres dessa forma, porque muitas acham desrespeitoso e o senhor pode, inclusive,
responder a um processo crime por estupro”.
Entendeu? Você recebe o
seu elogio e ainda ajuda a educar os caras.
O que não pode é ser
conivente com essa cultura do machismo. Porque a gente sabe que a linha que
divide um elogio do tipo “ei gostosa” e o ato de forçar uma relação sexual é
muito tênue. A gente tem que entender que o problema aqui é comportamental, é
cultural. Não é um problema jurídico, ou científico, ou filosófico. É um
paradigma cultural que tem que ser mudado, extinto.
E como disse a Oprah Winfrey
no discurso dela no Globo de Ouro, “falar a verdade é a arma mais poderosa que
a gente tem”. A gente não pode sentir vergonha de falar e nem precisa! Eu sei
que quando a gente sofre um abuso dessa natureza, seja com violência ou não,
seja físico ou não, a gente se sente suja, culpada e com vergonha dos outros e
de si mesma. Mas não se intimide! Fale! Grite! De preferência ali, na hora!
Diga a verdade, procure testemunhas, confronte o ofensor, busque ajuda de quem
quer que seja. Só não fique calada se você se ofendeu.
Porque se você não
demonstrar que aquilo que foi feito com você te ofendeu eles não vão saber que
o que eles estão fazendo é errado! Os homens, na maioria das vezes, acham que
as abordagens abusivas deles às mulheres não são abusivas, porque os avós deles
faziam, os pais deles faziam, os coleguinhas da escola faziam. Sempre foi
assim, mas não precisa ser assim para sempre.
Acontece que o corpo
feminino é instintivamente atraente. Se tem vagina, bunda e peito todo mundo
olha. Não adianta, é o instinto mais primitivo do ser humano que aflora – o da
reprodução. Mas, não é por isso que a gente vai andar por aí de burca, né? Basta
que você se expresse quando vir, ouvir, sofrer ou ver alguém sofrer qualquer
tipo de abordagem abusiva.
As mulheres estão se
sentindo mais à vontade para contar suas histórias, para expor suas versões,
para dizerem o que sofreram. Porque as pessoas não discriminam mais uma mulher
que foi violentada. Hoje em dia as pessoas simpatizam, solidarizam, as mulheres
empoderam-se!
O mundo está mais
empático às questões discriminatórias e os homens que desrespeitam as mulheres
estão cada vez mais sendo forçados a enxergar os seus erros e respondendo por eles.
Como disse a amiga Oprah
“o tempo deles acabou! ... Um novo dia está surgindo no horizonte e quando esse
novo dia finalmente amanhecer será por causa de muitas mulheres magníficas, ...
e de alguns homens muito fenomenais, lutando duro para assegurar que el@s se
tornem @s líderes que vão nos levar a um tempo em que ninguém jamais precise
dizer eu também de novo”.
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