Por um acaso vi uma campanha no instagram da minha amiga Hanna Paulino com o mote: "Bar não é boate. Vamos chegar cedo e ajude a mudar a cultura de Macapá". Uma campanha tão necessária que poderia ter sido óbvia mas não foi. Quer dizer, agora foi!
A iniciativa é do bar Taverna, na cidade de Macapá. E o motivo é algo que perdura há tempos no hábito noturno da maioria dos amapaenses: chegar tarde em bares e esperar que o estabelecimento fique aberto até o amanhecer.
O hábito é antigo. Tem gente que gosta. E tem quem ache que é um desgaste sair de casa 00h (eu, inclusive). O mistério está na razão deste hábito continuar latente até hoje. Digo mistério pois fico cansada só de pensar em ir para algum lugar depois das 19h. Já passei dos 30, será isso? A juventude está com o pique todo? Não percebo isso.
O que percebo é aquela cultura antiga empurrada com a barriga. Os donos de estabelecimento ainda reféns dessa poeira cultural. O novo empreendedorismo conseguiu pouco a pouco mudar isso e quem trabalha com o comércio/entretenimento já observa um novo tipo de cliente: aquele que chega cedo e quer uma programação com mais qualidade (de vida). A grande questão é, o novo incomoda, causa aquela sensação "mas já estava bom assim, para que mudar?".Mudar pelo bem da diversão. Mudar pela qualidade na programação cultural. Mudar pelo investimento em você mesmo em ter mais tempo para curtir e encontrar amigos/amores. Se isso não lhe interessa e quer continuar saindo de madrugada, é uma escolha sua e ninguém tem a ver com isso. Mas a conversa aqui é sobre o contrário.
Outra coisa que continua absurda na maioria dos bares: som alto. Se bar não é boate e ninguém vai dançar, tenho quase certeza que a maioria vai com amigos para conversar. E como conversar, gritando? Como conversar e não entender quase nada? Ou como conversar se todos estão gritando por que querem ser ouvidos de uma vez só. Uma sinfonia de vozes loucas para serem ouvidas, enquanto o som na caixa está no "talo" ou a apresentação da noite solta a voz e ninguém ouve.
A campanha do bar é louvavel e útil. Torço para que seja disseminada e o mais importante, praticada. Vale lembrar que as boates começaram a fechar uma a uma, é uma reação talvez pouco percebida sobre essa vontade de ir mais cedo e sair mais cedo dos lugares e mesmo assim, ter curtido muito.
Arte: Jean Julien
Por Camila K. Ferreira
Arte: Jean Julien
Por Camila K. Ferreira
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