In Cotidiano

Recado aos desesperados:

         

Quero começar lhe dizendo que o seu único compromisso com a felicidade está conjugado na primeira pessoa do singular; no mais, sigamos estas breves linhas sobre amor.

A tv e os livros estão cheios de contos e encenações sobre como o amor envolve luta, dor, angústia, medo e rejeição, um caminho árduo que leva até o tão almejado amor completo e avassalador. Amores que surgem de um primeiro olhar, de um empurrãozinho dos amigos, de um app de relacionamento. Amores fortes e, de cara, inabaláveis.

AMIGOS, NÃO! ISSO NÃO É BONITO, SE VOCÊ ESTAVA SE DERRETENDO TODO PELA DESCRIÇÃO DO PARÁGRAFO ACIMA, POR FAVOR, LEIA NOVAMENTE COM LUCIDEZ.

O tempo anda a passos largos e nossos corações estão sedentos por amor, e isso é muito bom, sadio, necessário! Mas vocês conseguem perceber que muitas vezes nos tornamos caçadores cegos desse sentimento? Amar à primeira vista é cilada. Amadurecer relações  (sejam elas quais forem) requer atenção especial aos detalhes. O que acontece à primeira vista é uma abertura e não o caminho completo. Fomos e estamos sendo doutrinados desde sempre à luz dos contos de fadas em que o olhar terno e doce dura para sempre e se confirma cada dia mais, mas precisamos abrir os olhos para a realidade e compreender que amor exige tempo, conhecimento e dedicação.

Evoluir uma relação também pode estar ligada ao término afinal aquilo que foi vivido à primeira vista não se perpetua.

Viver na sombra de um primeiro olhar é muito bonito porém não é consistente. Amor é uma construção que requer esforço e trabalho, empenho em se conhecer e  conhecer o outro, envolve convivência, diálogo, experimentação, intimidade, respeito, vontade e sobretudo realidade. E isso aqui não é uma receita e muito menos um mapa do tesouro, isso é apenas uma breve análise do que se vê em cada esquina. Falir uma relação é muito mais rápido do que construí-la e isso ninguém conta no final do livro, né?

Sinta-se encorajado a amar com maturidade!

Tente, pelo menos tente, dar consistência aos seus romances. Não doutrine sua mente para o frágil e o raso, aprenda a nadar e segurar o fôlego com excelência.

Não se permita viver uma relação que parece bonitinha para os outros mas para você é um inferno.  Não se permita viver trancada dentro de uma relação que te transforma em quem você não queria ser. Não se permita viver com alguém que não vive com você embora more debaixo do mesmo teto. Não permita que um conto de fadas fajuto tome conta da sua mente e corpo.

Se conheça primeiro, saiba o que você quer sentir e viver, não ultrapasse seus próprios limites porque algo à primeira vista lhe pareceu bom. Entenda: todo começo é um COMEÇO.  Amor se constrói no percurso e esse processo é contínuo e perpétuo. Compreenda o que é estar com alguém, intimidade não é um brinquedo que você empresta pro coleguinha brincar e depois devolver; ser íntimo não é ser um só, pelo contrário, é  ser dois e mesmo assim encontrar meios de compartilhar lugares grandes ou pequenos. Aquela famosa frase facebookeana que diz: “ quem quer sempre dá um jeito” ilustra isso de uma forma irreverente e simples de ser compreendida; nunca existirá algo difícil demais para quem está vivendo algo maduro. A maturidade do amor nos protege do perigos (mesmo que eles ainda assim estejam nos cercando, afinal amores reais também se machucam o diferencial é que sabem exatamente como se curar).

Se porventura você acha que encontrou seu amor apenas pelo primeiro olhar, por favor, olhe mais algumas vezes e lembre-se: se até para amar a si mesmo nós precisamos nos olhar inúmeras vezes, por que devemos ter tanta certeza que um primeiro olhar à um estranho nos trará plenitude eterna? Amor de verdade precisa de tempo para  maturação e não somente meia dúzia de palavras bonitas e um bom sexo no final da noite.
Maturidade, amigos. Maturidade!

Por May Sousa 

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