In Cotidiano

Aquele dedo na cara dos outros


Quem já julgou muito mal, apenas pelo que leu ou o que alguém contou, levanta a mão! Também levantei a minha. É incrível como somos influenciados, todos os dias, por opiniões alheias e íntimas, e é perfeitamente normal tomar partido, sentir comoção pelo o que o outro passou, ou um relato de alguém próximo que teve uma experiência desagradável. Ninguém deve se torturar porque se equivocou. 

Afinal, todo mundo bate na tecla: "Errar é humano". Mas, pelo visto, errar não pode ser o direito de alguém que está em determinado lugar ou determinada situação. Ah, é a perfeição que precisa nortear aquilo que julgamos ter um padrão certo. Certo? Não, gente! 

É engraçado que a maioria das discussões que vemos, todos os dias, está ligada ao "quebrar" os padrões de beleza, da sociedade, mas quando se trata de um determinado assunto, esta pauta fica de fora. É perfeição sim. Que bobagem! Já julguei e apontei o dedo para coisas que tive uma primeira impressão equivocada. Me envergonho, me redimo, mas o fiz. Fazer o que? Aprender a não julgar é outra lição que ninguém te ensina, só a convivência mesmo. 
Abrir seus olhos e perceber as coisas, sozinha, também não é um dos atos mais fáceis de aplicar.

 Bom mesmo é quando alguém já traz a bula/manual dos outros né? Não. Nunca pensei que poderia me deparar com a industrialização de personalidades ou um manual de atitudes e conveniências para determinados assuntos. Saio correndo dessa distribuição de panfletos de pessoas perfeitas, e com o discurso perfeito, que todos querem ouvir ou cumprir todas as expectativas. Quem somos nós para cobrar, exatamente, o que esperamos de alguém? Somos aqueles que apontamos e julgamos, mas quando a pimenta cai no nosso olho, pelo amor de Deus, queremos um alívio imediato e nos questionamos o motivo de tanta violência. Ah é! Mas para aquele que estava indefeso, e sem condições de começar um bom combate de palavras, atitudes, aquele sim... tem que ser punido.

 E... próximo! O bom de ir amadurecendo (e não falo de idade) é que você começa a não dar a mínima para inúmeras coisas, pois você e eu, assim como muitas pessoas, estão suscetíveis a passar por um terror virtual e público. E vocês bem sabem, a internet adora um bom show dividido em vilão e herói. Mas e quem se importa demais? E quem se abala demais? Teve tempo pra pensar nisso, ou só aponta aquele dedo na cara dos outros, e foi o que deu tempo de fazer? 

Ah gente, é bom lembrar que um dedo aponta pro outro, mas três voltam para o próprio corpo. E a abertura da novela "Do outro lado do Paraíso", com a música do Renato Russo, diz exatamente isso: "Tudo o que você faz, um dia volta pra você".

Por Camila K. Ferreira

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