In Cotidiano

Esqueça o medo do conflito



Por um bom tempo na minha vida, fiquei calada em diversas situações que me senti mal, desrespeitada e reprimida, por achar que se eu falasse algo, poderia incomodar ou irritar alguém; parecer chata ou sei lá mais o que, que se passava na minha cabeça. 

A questão é que depois de todas estas sensações, percebi que minha atitude era contra tudo o que eu acredito: lutar pelos meus direitos e exigir respeito. Eu tinha medo do conflito. E também tinha vergonha de ver quem "brigava" ou reclamava de algo, que claramente era um incomodo, mas "era melhor deixar pra lá", na minha ingênua percepção. Definitivamente, refleti tanto sobre isso e decidi que as sensações que tive, não teriam mais espaço na minha mente, corpo e alma. Venci esse medo. E olha que são muitos. Mas a partir do momento que tomei a rédea desse medo, muitas coisas mudaram. 

Ano passado, participei de uma audiência de conciliação. O motivo: perturbação do sossego. Um dos grandes problemas da nossa cidade: barulho com aparelhagem, bares, igrejas e etc. Aguentei por anos a situação, e cheguei até mesmo a adoecer emocionalmente. Tentei conversar, argumentar e não houve nenhum acordo. Também cai na armadilha do "toma lá da cá", mas quando me dei conta do grande equivoco que estava cometendo, parei imediatamente e fui atrás, onde todos deveriam ir: direitos, deveres e conhecimento. 

Minha mãe é uma das grandes inspirações de atitude que tenho, todo dia, como exemplo. E vê-la brigar, todo dia, por algo positivo, me motivou a fazer o mesmo. E nesta audiência de conciliação, ouvi as piores mentiras e calúnias a meu respeito, e não me deixei levar pela indignação. Meu foco, ali, era exigir respeito. A gente faz o que quer na nossa casa? Sim. Mas, limites, né?!

Como vamos viver em sociedade, se não houver, pelo menos, o bom senso? Não entendo como isso pode ser algo tão "novo" por aí. Um cara chega às 6h da manhã, com um som no "talo". Tenho que aceitar? Não vou exigir respeito por medo de me acontecer algo? Sim, eu sei. Mas isso me obriga a ficar calada? Não!

O vizinho quer fazer festa todo dia, até de madrugada, porque não faz nada, além disso. Não posso reclamar? Posso! Existe um negócio chamado "bom viver da vizinhança", e não é piada. É um fato. Respeito! 

O cara esperto chegou e furou a fila que você estava há 1h. Não vai reclamar porque vai chamar atenção? Eu faço é barulho! Chega de metidos a espertos. E que falta de educação hein?! Pego o ônibus, e pessoas querem fazer do transporte público outra coisa? Peço que parem. Estou ali para chegar ao meu destino e nada mais. Se quisesse outra coisa, iria atrás disso e não de um ônibus. 

O marketing, o alcance das coisas, está sempre mudando; mas usar isso abusando do direito do outro não é publicidade, é falta de respeito. Não é à toa que estamos à flor da pele, pois tudo tem sido um pouco além, um exagero. Extremos da opressão e da falta de educação. 

E para finalizar, fica esta frase que mudou minha perspectiva de ter medo de conflito: "Paz não é ausência de conflito. É administrar o conflito em paz". 

No momento, estou em paz com meus conflitos.

Por Camila K. Ferreira

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