In Cotidiano

Eu não sou sua super humana

E se eu sair hoje à noite, vestir meus medos. Você acha que ficarei bem com essas lágrimas de rímel? Veja, eu vou desenhar meu batom maior que minha boca e se as luzes estiverem baixas eles nunca verão minha cara de choro”.
(Fake Happy – Paramore)

Todo ser humano tem nem que seja um ídolo. Seja do futebol, literário, musical, mas nós temos ídolos. Eu mesma tenho vários ídolos, “ídolas” para deixar mais claro, pois eu sou fã é de mulher fazendo arte.

Como não convivemos com quem admiramos por sua arte e a mídia sempre tenta implantar a perfeição na nossa cabeça, colocamos nossos ídolos em pedestais. Perfeitos, imaculáveis, invencíveis.

Não é de agora que morrem de forma precoce ídolos, porém nesse texto irei focar nas recentes perdas de Chris Cornell e Chester Bennington, vocalistas do Audioslave e Linkin Park respectivamente.

Nossos seres admiráveis são como super heróis: fazem a arte que nos completa, são ricos e sempre felizes. Levam a vida que muitos julgam ser fácil e o desejo do mundo praticamente todo.

Nessa cegueira maniqueísta onde tudo é bom ou tudo é mau, esquecemos do detalhe mais importante sobre os seres que admiramos: eles também são de carne e osso, feito de sentimentos e cicatrizes.

Essa visão distorcida das coisas também é fruto da nossa procura para sermos perfeitos, estamos sempre nos espelhando em alguém. Nunca satisfeitos.

E quando nosso ídolo erra, muda ou morre não importa de qual modo, nós sentimos, pois ele era nosso exemplo e por isso ele não podia ter feito aquilo, não podia mudar da água por vinho... não podia ter me deixado.

Chester era amigo de Chris, sentiu muito a perda do amigo, porém o que importa é lançar CD novo. Enquanto ele sorria porque a mídia força a sorrir e mostrar que tudo está bem, por dentro morava um Chester e dores que nunca iremos descobrir, assim como Chris Cornell.

Hayley Williams, vocalista da minha banda de adolescência Paramore, revelou para entrevista da revista “the FADER” que sofre com depressão faz dois anos. Ninguém sabia, ninguém se importava enquanto mandava xingamentos à ela e exigindo música nova.

A frase clichê “cada pessoa é um universo” é real e todos nós carregamos o mundo dentro de si, só muda a forma e a intensidade. Voltando ao foco de sermos criados para viver que nem maquinas e procurarmos sempre a perfeição: nunca seremos perfeitos, pois nós erramos, nós sentimos... Nós temos vida.

A perfeição é algo distante, incolor, fria e intocável.

Não fique se exigindo muito, nem fique exigindo do próximo também. Já vivemos em um mundo cheio de pressa e que nas relações interpessoais, precisamos encontrar a paz que falta no espirito.

Para finalizar, cito aqui uma frase do recente filme da Netflix “O Mínimo Para Viver”: fique boa, não perfeita, apenas boa.

(Link da entrevista de Hayley Williams para a the FADER, vale a pena ler: https://paramore.net.br/2017/06/entrevista-hayley-williams-the-fader/#)

*esse título é parte da tradução de Idle Worship, música do Paramore que se encontra no álbum After Laughter. Esse disco é focado na batalha da vocalista, Hayley Williams, contra a depressão.


Por Vanessa Albino

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