In Cotidiano Reflexão

A gente sempre vai sentir, muito, pouco ou nada.


Quando eu era adolescente, achava que a velocidade das coisas era o fator primordial da sensação. Tomei pra mim a certeza de que tudo com intensidade era mais marcante, e, é [mas a fricção machuca, em todos os sentidos e sensações possíveis e imagináveis]. Imaginei uma vida adulta sem muito freio, com aventuras em todas as oportunidades, arrancando de tudo o máximo prazer possível. 

Queria também o gosto de tudo, os sabores do mundo, o paladar de todas as bocas! Imaginei um exagero de felicidade. Quando a vida ainda era uma redoma de sensações com adrenalina e resíduos corporais, eu flutuava nos meus próprios hormônios e desbravava uma série de falsas satisfações, percebendo e provando a textura do mundo, encaixando a imaturidade ao lado do medo, guardando o formato de tudo.

Explodiu!

Vida adulta. Um portal. Magia. Certeza. Universo. Lugar incerto. O ápice do paladar da alma me acolheu para sempre me servindo em pequenos cálices o sabor do sentir. Agora, as permanências me vestem, daqui para frente tudo é memória. Agora, a minha pele me parece fina demais e as sensações me rasgam como um abutre dilacera a podridão.

Agora, só me resta sentir tudo. Agora, só o agora me tem.

Agora, o corpo e a alma me pedem para aprender a suportar a sensação de tudo. Com a força que tem, a causa que vem e o motivo que fica.

Por Mayrlla Sousa 

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