In Cotidiano

A comunicação não é sempre imediata


São quase quatro da manhã e eu acabei de acordar. Dormi antes das oito. Passei a tarde toda sem celular porque estava estudando. Pois bem, agora , peguei o celular, liguei, vi as notificações, li as mensagens que haviam deixado e respondi algumas. Ok. Normal até então. Mas, o que me deixou questionada a respeito disso é a cobrança de correspondência instântanea, a maioria das mensagens acabavam com a seguinte frase: "Ta me ignorando?", "eeeeiiii", "may, me responde logo". Na maioria das vezes eu costumo ficar analisando as coisas, situações e pessoas, pensando no porque das atitudes delas, outras vezes também, apenas fico contemplativa sem opinar ou pensar à respeito (raríssimas vezes), e sempre me vem à mente numa situação dessas o quanto essa conectividade vem deixando as pessoas neuróticas, impacientes, exigentes e quase egoístas. 

Acho interessante que algumas relações se resumem na quantidade de mensagens que são trocadas virtualmente, na rapidez que a resposta tem, e/ou na quantidade de caracteres que se utiliza para fazer o tão superestimado e esperado -por alguns- "o textão", que por sua vez, é feito em sua maioria para servir de vitrine para propagandas enganosas do que se sente.

Outra coisa frequente é a velha história (não tão velha assim) de que "ah, deixa pra ser frio quando morrer", ou , "responder na hora é o mínimo que se pode fazer". Esses inifinitivos no final dessas frases deixam o sentido e o significado da comunicação na última patente que se pode colocar a interatividade : na subjetividade.

Morrer não é tão literal quanto se pode supor, já que algumas vezes nós sacrificamos nosso tempo "matando" algumas horas com prioridades maiores. Fazer, é um verbo de ação que inclui toda uma vida e não somente uma relação paralela entre dois indivíduos. Comunicação não é esse mundinho útópico que a cabeça projeta, não!

Enquanto lia as mensagens e respondia algumas - não todas, porque não sou obrigada - compreendi que ,de fato, ser correspondido vem sendo uma necessidade emocional/social muito grande ao ponto da pessoa se sentir desprezada ou menos querida se você não manda nem ao menos um emoji idiota que não quer dizer nada com nada, em correspondência ao que ela te enviou. Fora a necessidade de conversas infinitas que sempre rola. 

Não tô aqui dizendo que comunicação virtual é coisa desnecessária e blá blá blá, muito pelo contrário, é EXTREMAMENTE NECESSÁRIA, mas, a cobrança para estar sempre à disposição de alguém de forma imediata é que é insustentável. Existe vida na matrix e essa vida tem várias válvulas na engrenagem que por sua vez não se resumem somente às redes sociais, ao celular, ao computador ou qualquer outro meio não presencial.

Não é o fim da tua existência se alguém demora pra te responder, você não é menos importante se isso acontecer, nem sempre a pessoa ta te ignorando, não cria na tua cabeça um monstro que nunca existiu. Aprender a esperar é melhor do que exigir, e se a pessoa realmente não quiser corresponder, ok, ninguém é obrigado a nada, mude suas prioridades e intenções sem colocar expectativas desnecessárias.

Viver é muito mais do que passar horas conversando por troca de caracteres e muito mais do que competir a rapidez da visualização.

Por May Sousa

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