In Cotidiano

Pelos espaços de paz


O que realmente procuramos na vida é espaço, em toda a representatividade da palavra, o que todos nós queremos é espaço.

Todos os dias acordamos com a missão de realizar tarefas vitais para o bom funcionamento das nossas vidas. Acordamos no automático, nos alimentamos nem sempre tão bem, nos  vestimos, percorremos o mesmo caminho até o trabalho, oferecemos nossos serviços, resolvemos problemas, voltamos pra casa, tomamos banho, comemos, conversamos, dormimos. No outro dia tudo recomeça. Na grande jornada de nos tornarmos pessoas gloriosas e vitoriosas, vamos deixando no caminho pequenas oportunidades de existirmos de um jeito mais completo. No meio de todo o auê do cotidiano esquecemos de cuidar do nosso espaço interno, o lugar que esvaziamos para que tudo que é externo pudesse entrar. Esquemos de cuidar da saúde mental. 

Enquanto nos enganamos achando que o verdadeiro espaço que queremos é apenas social nossa mente começa a cogitar uma série de possibilidades destrutivas em que nos colocamos em último lugar, tudo começa a vir antes, o trabalho, por exemplo, toma uma grande parte da nossa existência para si e acabamos vivendo em função de metas, honras, cargos e aumentos. A ansiedade bate à porta sempre que possível. A ambição torna-se latente e prejudicial. O ego infla e por vezes estoura. Não há espaço para nada além disso, a mente entra em estado de inércia e fica à mercê da nossa boa vontade de parar e procurar espaço para a tranquilidade. 


Estar sufocado mentalmente absorve nossas forças sugando a vitalidade que precisamos para dar espaço à sensatez. Se olharmos em volta certamente conseguiremos ver alguém mentalmente cansado e sobrecarregado, procurando um lugar dentro de si para descansar e deixar livre os pensamentos mais aleatórios e íntimos. Este tipo de cansaço diminue nossa capacidade de criatividade, inovação, curiosidade e esperança. Cada partícula respirável que poderia oxigenar a mente começa a sumir. É gradativo. É incendiário. É destrutivo. 

Há uma necessidade gritante de cedermos espaço para nós mesmos, precisamos parar! Olhar em volta e deixar de lado aquelas coisas que nos sufocam sem sentir culpa e aprender que espaço é algo necessário e a saúde mental anseia por momentos de ócio e contemplação. Dê de presente à você mesmo esse esvaziamento. Cobre-se menos. Permita que sua cabeça tenha momentos de pleno prazer e abra mão das cobranças desnecessárias. Não seja egoísta consigo mesmo roubando de si a oportunidade de aproveitar momentos de gozo na presença de pessoas especiais. Certifique-se que seu trabalho não é mais importante que sua saúde.

Estamos caminhando para dias caóticos e solitários sedentos por espaço todas as vezes que pensamos com descaso sobre nossa saúde mental. Sem perceber estamos morrendo aos poucos por sufocamento. Assim como tudo de mais belo no ser humano emana de dentro pra fora, tudo de mais destrutivo também faz o mesmo trajeto. Cuide-se. Lute por seus espaços de paz.

Por May Sousa

Related Articles

0 comentários:

Postar um comentário