In Cotidiano

Um cinema, um bom filme e uma frustração

Esses dias fui ao cinema, depois de meses assistindo apenas à Netflix. Mas o lazer foi transformado em frustração em razão do inconveniente de haver uma criança brincando e pedindo a boneca para a mãe como se estivessem na sala de casa, mas era um filme cuja classificação indicativa era de 16 anos. 



Eis o que aconteceu. Eu fui assistir ao filme “Feito na América”, na sessão das 20:30. Na hora de comprar os ingressos escolhemos criteriosamente 2 poltronas posicionadas em uma região privilegiada da sala, que ficavam um pouco mais à frente, mas não muito próximas da tela e bem no meio da fileira. Felizes por ter conseguido uma boa posição, mesmo em uma sessão de estreia, fomos comprar a pipoca. E nem tinha fila! Mais um motivo para transformar a noite em um sucesso. Pipocas e bebidas em mãos, fomos tomar posse das nossas poltronas. Nos sentamos, nos aconchegamos nas confortáveis poltronas da sala vip, e ficamos esperando o filme começar.

E o filme começou – ação e suspense do começo ao fim! Do jeito que eu gosto! 

No entanto, de repente, não mais que de repente, fez se ouvir uma criança a brincar com sua boneca e a chamar a mãe. Eu me espantei. Pensei: eu acho que eu ouvi uma criança. Olhei para trás e bem atrás da minha poltrona estavam um pai, uma mãe e uma criança brincando imediatamente atrás de mim, no chão, com sua boneca como se estivessem na sala de casa. Meu Deus!!! Eu não acreditava no que via, mas achei por bem não reclamar naquele momento, afinal a menininha não estava gritando e nem chorando. Estava incomodando sim, estava atrapalhando sim, mas até aquele momento até que dava para assistir ao filme.


Quando eu já tinha me convencido que não ia me chatear com o incômodo, a criança começa a chamar a mãe, a pedir a boneca, a balbuciar as palavras que ainda estava aprendendo em tom alto de modo que até outras pessoas começaram a se incomodar. Sim, era uma criança de uns 2 ou 3 anos em um filme com cenas de sexo, drogas e violência explícita. Eu olhava para trás e os pais nem davam importância à menininha que não queria nada mais que a atenção deles. 

Foi aí que eu reclamei. Olhei para trás, ergui os braços como quem não entende o que está acontecendo e disse: ei, por favor, está atrapalhando; poxa, trazer uma criança pra um filme desses!!! 

E o pai me olhou furioso, se sentiu ofendido e disse: - que que é??? Assiste aí pô!

A mãe pegou a pequenina no colo, que deve ter dormido, porque eu não a ouvi mais brincar. O filme acabou e só não foi melhor porque eu perdi alguns momentos sentindo-me incomodada com o acontecido tentando não dar atenção à minha irritação.

Chegando em casa fui pesquisar sobre classificação indicativa e descobri, para minha surpresa, que crianças e adolescentes de qualquer idade podem assistir a qualquer filme, independente da classificação indicativa, desde que estejam autorizados ou acompanhados dos pais ou responsáveis. O estabelecimento somente pode impedir a entrada se o filme for indicado apenas para maiores de 18 anos. É o que estabelece a Portaria nº 1.100, de 14 de julho de 2006, do Ministério da Justiça.

E isso está certo! Quem decide o que a criança ou adolescente pode ou não assistir são os pais. O que não está certo é levar uma criança que não sabe nem pronunciar palavras, que vai chorar, vai querer brincar, vai querer chamar a atenção dos pais, para uma sessão de cinema de mais de 2 horas que não é indicada pra crianças! 

Isso é, no mínimo, falta de educação, desrespeito. Por que? Porque quem vai ao cinema vai porque gosta do filme, dos atores, do diretor, porque quer curtir a imersão em um universo diferente do seu, curtir a viajem ao mundo mágico do cinema. É por isso que é proibido falar, atender ao telefone, tirar fotos ou filmar em salas de cinema. 

Mas quando é uma criança acompanhada dos pais a situação fica mais complicada. Ninguém gosta de criança chata, porque criança chata é sempre precedida de pais intolerantes, imprudentes e mal-educados e que, geralmente, nem se dão conta de que sua criança é chata. E quando se reclama de uma criança para esses pais, sempre se corre o risco de transformar um pequeno inconveniente em uma contenda desmedida. Ainda bem que aquela criança não era chata, era só uma menininha que queria brincar, mas que estava em um local inapropriado para isso.

Quem gosta de filmes sabe que é horrível quando se está em uma sala de cinema em que há outras pessoas conversando ou rindo ou atendendo o celular ou crianças chorando ou brincando. Atrapalha todo o filme!

Moral da história: foi frustrante, mas o filme foi tão bom que salvou a diversão.

Por Mariana Distéfano Ribeiro

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