Qual o seu sinal de mudança? Cortar o cabelo? Pintar as unhas de vermelho? Fazer a dieta dos sonhos e perder 10kg? Arrumar as coisas dentro de si dá trabalho, mas nada mais reconfortante, pra mim, do que arrumar por fora, pra eu me sentir melhor por dentro.
Hoje falei que vou tirar a semana pra me livrar de roupas e sapatos do meu guarda roupas. Aquelas peças que estão lá empacadas e sem uso. E isso já faz uma grande diferença no peso que vou tirando, aos poucos, dos acúmulos que fiz ao longo dos anos.
O consumo tinha me feito de refém e eu nem sabia, não me sentia. Quando falo que me liberto de algumas amarras, não tem só a ver com o texto libertador que eu li. Quando eu digo que estou livre, nem sempre é por conta de uma história mal contada que eu resolvi. Quando digo que estou leve, não é só porque desisti de pessoas que me engoliam. Vai além disso tudo. Muito de mim se liberta pelo espaço que eu abro no meu ambiente, nos meus pés e na minha cabeça.
Tudo gira em torno do espaço armado que faço pra mim e para os meus. Ver espaços livres é libertador. Acredite: me conforta, me completa. Pode parecer TOC pra uns, mania de organização pra outros, mas pra mim é não me prender no consumo de coisas que estão jogadas, ocupando espaço e sugando minha energia e paciência. Tudo que nos acumula faz mal. E eu tava me acumulando já tinha um tempinho. Não me sentia feliz vendo cinco blusas no mesmo cabide, que não uso por mais de 7 meses ou 2 anos, esquecidas ali e ocupando um espaço que poderia ser otimizado. Nem passo perto de ser uma personal organizer, mas pegar poeira e ver tudo degringolando e perdendo o sentido, no meu mundo, agarra meu abuso. E se eu abuso, eu fico incomodada. E se estou incomodada, não está me fazendo bem. E se não ta me fazendo bem, meu camarada, é porque ta na hora de resolver. Me desfaço.
Não me desfaço e acumulo outros. Geralmente, quando compro duas ou três peças de roupas novas, tenho a plena ciência que vou tirar do guarda roupas cinco ou seis peças que não estão mais sendo usadas. É seguramente o modo mais fácil de organizar o resto do meu dia, das minhas coisas internas. Eu sinto que tudo está em ordem dentro de mim. Meu Deus, e que ordem. Desapegar de gente negativa, de amizades ruins, de amores que nos destroem, de roupa acumulada, um velho sapato desolado, um perfume que nunca uso é RELAXANTE.
Me esforço pra seguir essa linha já tem um tempinho: menos é super mais. Menos roupas, mais espaços. Menos sapatos, mais opção de gastar aquele par que está novo e no desuso. Menos acúmulo, mais vontade de organizar tudo que está ao seu redor. Li, recentemente, que a gente deveria ter menos roupas, menos sapatos, menos móveis, menos louças porque tem uma hora que acabamos cuidando mais do espaço que os nossos materiais estão, do que de nós mesmos.
E é uma verdade insana. Me choca saber que eu to perdendo tempo mantendo um mundo de objetos organizados, todos os dias, numa repetição. Me consome estar tão preocupada em deixar um armário de louças, com mais de 25 copos, com 3 moradores em uma casa, menos feio aos olhos de quem abre a porta. Me revolto porque não estou me divertindo, rindo, assistindo um filme com a minha família, pra poder dar conta de uma “bagunça” que eu mesma escolhi e adotei. To seguindo uns perfis muito bons, de pessoas que pensam além de mim e que agem de maneira muito mais livre. Porque, se pararmos pra pensar, consumir menos é se libertar.
Como sempre falo: evoluíram, estão um passinho na frente. Ainda me prendo a perfumes e cremes, mas estou no caminho certo pra não deixar um monte de coisas desmoronando na minha frente. To fazendo algo por mim. De fora pra dentro. A gente bateria um papo longo e delicado de como o essencial faz bem pra todo mundo.
Te mostraria que o minimalismo é possível e revigorante. Te incluiria na minha rotina diária de facilitar meu dia, minhas saídas e minha coordenação com o que sobra. Mas ai, eu estaria fazendo o que fazia antes: acumulava gente, acumulava palavras, acumulava coisas... E eu to me livrando de tudo que me suga. Agora sou eu que sugo. Sugo o menos, pros meus dias serem mais. Ser menos ta na moda, me disseram.
Por Naiane Feitoza
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