In Cotidiano Informacao

Reféns do instantâneo

A era digital trouxe inúmeras vantagens para a comunicação. Sou uma apaixonada por todas estas possibilidades de informações e conhecimentos que podemos encontrar com um click. Mas, depois de ler um artigo site The Bussines of Fashion (BOF) sobre o fim de várias revistas e como tudo anda muito instantaneo, me dei conta que a nossa forma de absorver estas informações se tornou um pouco superficial. 

E diante desta realidade incomoda, tento me focar num artigo só, não abrir várias abas de outros assuntos que considero interessantes ou checar o email, ver o facebook. Um polvo virtual! Se isso é ruim não dá para classificar porém, vale a atenção para o que estamos aprendendo de fato.

Como jornalista, é minha responsabilidade ficar ligada em informações com curadoria, de veículos com a maior credibilidade possível e dados consistentes para divulgar algo. Mesmo que seja por meio deste blog, não deixo de me preocupar com o que estou repassando por aqui. Mas a construção destes textos seja o assunto que for, torna-se instantâneo, de apenas um dia. Queremos novidades todo dia (essa rima não foi proposital). 

E talvez isso tenha acontecido com algumas publicações: a falta de imediatismo nos fatos. Os impressos trabalham com o futuro presente, com o que ainda vai acontecer, e as revistas por exemplo, pela linguagem, tem uma carga grande para segurar quando a questão é dinamismo. 

No artigo do BOF, a crítica é sobre a falta de liberdade criativa que os envolvidos não tem mais nas publicações. Os anunciantes começaram a ditar o que deve ou não deve sair, como deve sair, a abordagem, e que estes são alguns dos motivos que estão extinguindo revistas, principalmente. É um novo desafio para quem ainda quer trabalhar neste âmbito. 

E ai, vieram os blogs e sua linguagem peculiar ! Tenho blog desde 2005, e acompanhei muitas evoluções de estilo, abordagem e os blogs de jornalismo e moda foram os que mais tiveram notoriedade. Aqueles voltados para o jornalismo, ganharam força com notícias exclusivas, entrevistas de bastidores e muita polêmica. Ponto para a comunicação! Os blogs de moda tiveram repercussão e apelo mais popular e começaram a ter credibilidade por causa de grandes anunciantes com visão de publicidade. O momento era de aproximação entre grandes marcas e pessoas reais. A repercussão é garantida. 

Falando dos blogs de moda, especificamente, é perceptível essa cobrança de anunciantes também, afinal, é dinheiro, repercussão, influência e popularidade. Mas e a própria voz? Porque um anunciante não pode confiar nisso? Confirar na criatividade daquele gerencia algo e pode somar com a linguagem do produto de maneira única. 

Mas e as revistas? Não conseguiram misturar tudo, acessível com o que é pouco acessível e gerou um desinteresse? E as informações? Textos longos, muita informação e quem sabe não era mais o assunto da semana. Afinal, a duração de um tema é de "um dia" praticamente.


Ainda tenho um afeto por revistas, foram delas que tirei inspirações, fiz recortes, guardei páginas inteiras de texto, foto, combinações para criar algo novo para mim. Aliás, tenho uma coleção humilde mas que me orgulho. Confesso de ultimamente não tenho mais comprado revistas, pois das últimas vezes, li e não me identifiquei com nada. Eram "milhões" de páginas com anunciantes de grandes marcas, textos um tanto quadrados e nada de inspiração. Não me admira que estejam fechando as redações. 


A era é dos millenials, mas, quem não é dessa geração não parou de consumir, de ler, acessar e se informar. Ninguém é refém do instantâneo e nós podemos provar.

Imagens: Pinterest

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