Foto: Arquivo Pessoal |
Conheço o Tiago Guingosta há um bom tempo e por meio da poesia, conheci um pouco mais da arte que ele expressa. E é notável! Aliás, ele é uma pessoa notável pela gentileza e um carisma único. Fico sempre feliz de conhecer pessoas como ele, e claro, quis compartilhar aqui. Espia só um pouco mais sobre este poeta premiado e promissor que tem muito a dizer e poetar.
Foto: Arquivo Pessoal |
Espia: Conte um pouco da sua história com a
poesia (resuminho)
Tiago: Comecei
a escrever por volta dos 15 (quinze) anos, após meu contato com a disciplina de
literatura brasileira, mas sempre gostei de literatura; acredito que já lia
antes de aprender a ler, pois nem sempre a poesia vem das palavras. Minha mãe
era assídua leitora, artista plástica e escrevia também, o que me foi um grande
incentivo. Aos 15 eu já anotava minhas memórias, com medo de perdê-las, mas
existia nelas um quê poético. Percebi que estava escrevendo poesia, isso quando
descobri o que era Literatura. Dois livros muito me influenciaram a escrever: Senhora, do José de Alencar e As Flores do Mal, de Charles Baudelaire.
Também tive muita influência da subcultura gótica, que anda lado a lado com a
poesia ultrarromântica, de nomes como Byron, Soares de Passos, Álvares de
Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela, entre outros.
Espia: Como você analisa sua evolução poética?
Tiago: Realmente
vejo progresso! No vocabulário, estilos, metáforas, conotação, no conteúdo e
sua profundidade, meus limites e variedade dos temas em geral.
Espia: A linguagem da poesia ainda encontra
muitas barreiras no âmbito nacional. E no regional como você avalia?
Tiago: O
quadro é parecido em âmbito nacional e regional, muda a escala, a proporção
apenas. O consumo da poesia, se pensarmos nos milhares de artistas da palavra
em todo o país e em nossa região, ainda é incipiente.
Espia: O que você gostaria de ver no cenário
poético amapaense?
Tiago: Poesia
em todas as escolas, praças, pontos de ônibus, muros, órgãos estatais e
privados, toda rede docente comprometida com essa missão que é divulgar a
poesia amapaense. Mais poetas compartilhando seus trabalhos, mais eventos
literários, mais editais para publicação de livros de poetas amapaenses, mas
não só de poetas, de escritores em geral também. Mais atividades formativas
para escritores, concursos literários, mais contação de história, projetos para
o livro, leitura, literatura e bibliotecas. A lista é infinita.
Espia:Porque você acha que a poesia ainda
encontra barreiras para ser lida e entendida?
Tiago: Poesia
necessita de intelecção, análise, todavia, na contemporaneidade em que a
linguagem rápida/visual é imperiosa, as pessoas querem o rápido, simples e, por
vezes, superficial. Também, há um medo de olhar para dentro. Às vezes se
prefere a ficção, o fantástico – que tem seu valor obviamente – para fugir de
quaisquer coisas das quais queiramos fugir. Alguns chegam até a dizer que
poesia é blasé, piegas, démodé. No entanto, a poesia é arte das mais maleáveis
e os sentimentos sempre estarão em voga, basta perder-se o medo de olhar para
dentro.
Espia:O V Prêmio Literário Cidade Poesia,
onde você ficou entre os 40 melhores poetas brasileiros é só mais um dos prêmios que você já conquistou. As premiações acabam
sendo um ponto de incentivo. O que ainda falta?
Tiago: Mais
prêmios a nível nacional, e não restritos a determinadas localidades. Prêmios
melhores, como publicação de obras por completo. Editoras que não visem apenas ao lucro, e sim incentivar a poesia brasileira. Hoje a confecção de um livro é
um dos processos mais custosos que existem, por isso a dificuldade em publicar
nossos autores. Precisamos, concomitantemente, de uma maior atenção por parte
da União (Ministério da Cultura), Estados, Municípios e entidades privadas ao
segmento do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas.
Espia: Para os aspirantes a poetas, o que você
recomenda para que estas pessoas comecem a produzir e mostrar?
Tiago: Primeiramente,
ler, pesquisar e viver, poesia necessita de substrato, conteúdo. Muitos poetas
apenas escrevem, não leem, não vivem, e tornam-se repetitivos e superficiais,
por não ter o que enxertar na poesia. Também, devem perder o medo de mostrar
seu trabalho e não se engessar por conta da crítica, contudo, sem perder o
cuidado, o respeito com o seu próprio trabalho antes de publicar.
Espia: Onde os ilustres poetas anônimos podem
compartilhar seus versos?
Tiago: Em
grupos poéticos presenciais ou em redes sociais, saraus diversos, feiras,
festivais, festas literárias, bienais. Hodiernamente, vejo, igualmente, muitos
poetas utilizando redes como Facebook e Instagram para a divulgação, são
plataformas simples que permitem interação e divulgação instantânea do trabalho
poético, e, importante, sem custos obrigatórios. Canais no Youtube e blogs pessoais
também são boa fonte de divulgação, mormente para quem ainda não possui
condições de publicar-se de forma independente. Pequenos zines, livretos,
revistas e periódicos de baixo custo são uma boa alternativa. Há vários sites,
v.g., o Recanto das Letras, que há mais de uma década, divulga autores
nacionais.
Espia: Alguma coisa importante para dizer,
palavrar, poetizar?
Tiago: Sobre a poesia:
“Embora seja eu um
sujeito que se oculta do mundo,
na névoa e no odor do mar, subo às vezes,
e por pequenos interstícios,
ela corporifica minhas incoerentes preces”.
Tiago Quingosta in
Ab ovo
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Por Camila K. Ferreira
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