Ah, o amor.... Desde criança penso no amor, da forma mais encantadora e perfeita que existe. Talvez tenha sido um erro começar a vida assim, mas, o que posso fazer? Criança idealiza tanta coisa, que ter um amor, estilo novela, era o que eu mais queria. O primeiro contato de amor que tive, morava na rua minha casa. Lembro que eu tremia, só de chegar perto dele, ao ir à missa. Um molequinho branquinho dos cabelinhos pretinhos e cheeeio de pintinhas no rosto.
Estudávamos na mesma escola, na mesma sala de aula, e ele tinha uma caneta maravilhosa e um sorrisinho lindo. Acho que só me apaixonei por ele porque a professora da segunda série (isso mesmo! Segunda série!) perguntou se ele sabia separar em sílabas, e o principezinho respondeu: “claro que sei. Pode mandar ai”. Que coragem! Adoro coragem. Adoro. Desde pequena eu preferia os sabidinhos. Por que lembro de tudo isso? Porque foi meu primeiro amor. Lembro até que se chamava Rodrigo e tinha uma avó que cheirava a leite de rosas. E lembro, também, com uma certa mágoa, que ele nunca me olhou. Nunca alimentou nada. Nunca “tchum” pra mim. Mas, o melhor amiguinho dele, que nem lembro o nome, o mais engraçado e piadista da sala, era doido, doido, doido por mim. Me levava chocolates todos os dias, me deu até um esmalte.
Era companheiro e ficava solícito com as minhas chateações de uma garota de quase 8 anos de idade (MANA! HAHAHA). Lembro-me de uma vez que queria tanto, tanto, taaaanto ir ao parque ali perto, mas ninguém deixava e eu NECESSITAVA andar no carrossel. Tenho uma paixão absurda por aqueles cavalinhos e a musiquinha que toca, e eles girando, girando e girando (até hoje). Sabe o que o meu mini admirador fez? Não me levou ao carrossel. Não comprou um carrossel pra mim. Não me deu um cavalo ou uma caixinha de músicas. Nada disso. Ele me levou até a quadra da escola, me pegou por cada braço com força e disse pra eu fechar os olhos e imaginar que eu estava em um carrossel. Começou a me levantar e me rodar... e eu rodei, rodei e rodei. E dava gargalhadas. E vi o rostinho dele brilhando, pelo buraquinho dos meus olhos curiosos.
Não lembro se me apaixonei por ele, mas lembro que o Rodrigo saiu da minha cabeça como num passe de mágica. Lembro até que, depois de um tempo, joguei uma peteca na cabeça dele, porque ele amassou a minha folha do caderno. Sangrou tanto, meu Deus. Credo! Enfim...
O que quero dizer com essa nostalgia toda? Quero dizer que existirão os que vão pisar no seu coração. Que não vão estar nem ai pra você. Que vão te olhar e, simplesmente, não te ver. Vão existir os que te olharam, se interessaram e te dispensaram por algo mais interessante. Vão ter os que só queriam provar do seu cheiro e vão cair fora. Vai ter aquele que não quer mais ouvir a sua voz, o seu jeito, nem seu sorriso bonito apaixonado. Mas, veja o lado bom de ser deixada pra trás, em algum momento na sua vida... Em algum cantinho, lá, na espreita mesmo, do outro lado da rua, na biblioteca, na escola, na faculdade, no trabalho, no twitter, ou sei lá em que diabo de lugar você anda, tem sempre alguém esperando a oportunidade pra chegar perto de você. Pra cuidar de você. Pra lhe rodar pelos braços.
Nem todas as pessoas são iguais. Nem todos nascem predestinados a machucar o seu coração. Tenho certeza absoluta, que existe mais de um milhão de pessoas que podem aquecer nosso coração.
Com todas as qualidades, com todos os defeitos, essas pessoas estão por ai, também nos procurando. Basta a gente baixar mais a guarda. Basta a gente parar de insistir em procurar algo que não rola verdadeiramente. Basta a gente aceitar que tudo pode ser diferente se quisermos.
O amor aparece sem querer, de onde a gente menos espera, de uma força que a gente nem imagina. Se eu, com 8 anos de idade, já sabia que teria um amor lindo desses perto de mim, imagina agora, com 36 anos, e transbordando essa energia toda por ai. Vai lá, pega um amor pra ti e faz dele teu carrossel.
Ilustração: Moon Spells
Por Naiane Feitoza
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