In Cotidiano

Internet - "no limite da noção"


Que a internet abriu portas para novos mundos, nós sabemos e isso traz consequências boas e ruins. Entre as boas são: maior acesso a informação, contato com pessoas distantes, oportunidade de estudos ampliados, visita a lugares, mesmo que de forma virtual, interatividade e etc. Lembro a primeira vez que acessei a internet, naqueles computadores grandões com leitores de disquete. 

Fiquei impressionada, era um mundo que se abria bem ali na minha frente e para mim, aficionada por música, ter acesso a mp3 e álbuns inteiros era a 8ª maravilha do meu próprio mundo. Não parei de pesquisar e tentar aprender tudo aquilo, e continuo até hoje. Depois baixar filmes e conversar pelo IRC (Internet Relay Chat), o primeiro bate-papo on line, que também podíamos trocar arquivos, me encantava. Era novo e genial! Como não ficar fascinado? Uma ferramenta que também é viciante e na época, ainda começava a criar mais e mais canais de interatividade que nem imaginávamos que existiriam hoje. 

Infelizmente, com isso vem as tais consequências, afinal a internet proporciona duas características: liberdade e "anonimato", coloco esta palavra entre aspas, porque sabemos muito bem que não existe de fato anonimato na internet. Sem teorias da conspiração, tudo o que fazemos é monitorado e nossos dados estão em poder de não sei quem. Mas não dá para neurar com isso, então continuemos vivendo, certo?

Observamos muitas mudanças na forma de acesso e até mesmo no perfil dos usuários, as redes sociais apareceram e tudo ficou mais entrelaçado e conectado. Paralelamente, as celebridades virtuais e essa fama tão rápida quanto a velocidade da internet, acabou deixando muita gente com sede de "poder". 

Todo esse sentimento veio a tona, por causa das notícias dos últimos dias, muito além do que esperamos, que foram divulgadas. "Jovem incita namorado ao suicídio". De acordo com informações da BBC, a jovem garota, tinha uma pretensão: postar o status de namorada de luto. E arrecadar dinheiro em seu nome para conscientização sobre saúde mental. 
Dá para perceber a gravidade da situação? Óbvio, tem a questão de sanidade, mas a internet dá essa liberdade de ação indiscriminada. 

Na última semana, também foi noticiado "Jovem mata namorado com tiro no peito durante a gravação de um vídeo para o Youtube", e segundo a matéria, tudo aconteceu porque o casal queria fama instantânea, não imaginavam que uma tragédia podia acontecer, final era uma brincadeira para ganhar "likes".

Vejo estes fatos como diagnósticos sociais bem perigosos. O que estamos procurando na internet? O que esperamos encontrar? Será nossa responsabilidade essa geração de conteúdo sem filtro algum? Nós temos responsabilidade indireta sim, porém, cada grão de atitude positiva, pode ir mudando o cenário. 

O lance é: quer fazer algo diferente na internet, comece com algo que seja bom primeiramente para você. A internet chegou no limite da noção, e fica fácil se perder no meio de tanta coisa. 

Essa exposição toda, as vezes nos deixa a mercê do que os outros esperam. Não caia nesta cilada. Pare, pense e respire fundo, por você. "Faça o que queres, pois é tudo na lei"( Raul Seixas). E quando ele fala em lei, ele fala na lei da própria vontade. 

Ilustração: Steve Cutts

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