Vejo muitos casais que gostam de compartilhar tudo, mas até que ponto isso deixa de ser bom, para se tornar um problema emocional?
Cada pessoa tem sua vitória e seu problema individual e a partir do momento que ela entra em um relacionamento, é quase sempre inevitável a mistura e encontro de objetivos e obstáculos. Aqui entra um papel fundamental para o sucesso de um casal: não forçar a barra.
Não tornar o seu problema, problema do casal e se uma das partes estiver enfrentando um desafio muito grande, fazer o máximo ou se possível nunca atrapalhar. Tá certo que o companheirismo deve existir, mas deve-se ter cuidado com a linha tênue entre ajudar e responsabilizar.
Vamos aos exemplos: se a mulher está buscando alavancar a carreira, o homem pode ser compreensivo e dividir as tarefas que são conjuntas e até mesmo tomar para si, responsabilidades que seriam dos dois na casa, por exemplo. Assim como pode acontecer do homem estar lutando por uma promoção ou estudando para um concurso e a mulher poupá-lo de preocupações banais da casa ou fofocas que desconcentrem o foco.
Vi, por exemplo no Masterchef Brasil da última terça-feira, que um dos competidores que disputava a final se deparou com problemas fora do programa, pois sua família compartilhou acontecimentos externos a ele, como assalto em sua casa e carro. Lógico que o emocional dele foi afetado e isso influenciou parte do resultado do que ele vivia naquele momento no programa. Talvez, se a esposa tivesse evitado falar e deixa-lo mais concentrado naquele objetivo específico dele, o resultado teria sido diferente.
Assim, como vejo às vezes, pares não compreendendo a falta de divertimento com uma pessoa que esteja estudando para um concurso ou que esteja passando do horário do expediente e chegue tarde e cansada.
Vejo também muitos homens não sendo compreensíveis com mulheres que acabaram de ter filhos. Nem todas possuem o mesmo comportamento. Há casos até que mulheres passam por depressão. A cobrança para que elas fiquem bonitas, sejam boas mães, boa esposa e voltem para o trabalho é praticamente robótica.
O senso de identificação do que é do outro e do que é “nosso” deve permanecer ligado. Não é só porque há uma intimidade estabelecida, que deve haver sobrecarga de preocupações.
É importante ter um ombro amigo, sim. Principalmente da pessoa que você decide estar junto, mas lembre-se que amor também é aplaudir as conquistas do outro. Elas são suas também.
Ilustração: Philippa Rice
Por Brna Cereja
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