Desde muito cedo comecei a trabalhar, ter responsabilidades sobre os meus ganhos e sobre como aplicá-los em meu benefício e em benefício das pessoas que precisam de mim. Desde muito cedo precisei ser dona do meu próprio nariz no que diz respeito à construção do meu presente/futuro, levando em conta tudo que precisava renegar para isso. E, foi nesse processo de amadurecimento profissional/financeiro que eu conheci na prática a palavra: supérfluo.
Do latim SUPERFLUUS, que denota algo como "desnecessário", da junção das palavras SUPER (sobre) e FLUERE (fluir); supérfluo é tudo aquilo que é dispensável, substituível, não-urgente, sem necessidade de existência. Sem que eu precise dar grandes exemplos para essa palavra, fica claro o seu peso no meu pensamento e filosofia de vida, visto que logo que entramos no mercado de trabalho nos damos conta da grande cilada que é precisar de algo; querer, desejar, apreciar.
Por vezes me peguei em uma via de mão dupla precisando escolher entre aquilo que era de suma importância, e aquilo que era um desejo incontrolável (à saber, livros e roupas). Outras vezes os boletos eram os astros da vez fazendo com que todos os outros desejos se tornassem banais. A responsabilidade financeira gera um medo anormal, nos deixa apreensivos.
A sensação de "esse mês não vai dar" é um mal tão latente na vida financeira, que arrisco dizer, que ninguém estará 100% tranquilo nesse aspecto. Nem o mais rico dos homens tem o equilíbrio financeiro numa posição linear. Saber lidar com as vontades supérfluas é um exercício diário onde razão e emoção se associam, e, juntas, resolvem esse problema sem que nós tenhamos que ficar dividos. Embora o trabalho seja para prover tudo que nós necessitamos diariamente, sem distinção de importância, é necessário que estejamos sempre na condição de vigias do nosso domínio próprio.
Gastar é uma válvula que depois de aberta, a contenção torna-se complicada; por isso, acredito piamente que nós enquanto geração propulsora de novas ideologias, somos os maiores responsáveis pela disseminação da idéia de gasto consciente, que coloca o bem estar antes do status. Viver bem, com diversão semanal, bebidas caras, roupas que gritam suas etiquetas de grife, carros do ano e tudo aquilo que simboliza uma "vida de sucesso"; tudo isso não deve ser sustentado às custas de dívidas imensas, cartões bloqueados, cheques especiais ou empréstimos que de mês em mês são renegociados e nunca pagos. Viver bem é ter consciência e responsabilidade sobre aquilo que gasta sendo honesto com seu senso crítico financeiro, e, sobretudo, com aqueles que nos vendem e nos servem com seus negócios.
Saber dizer não ao supérfluo é um ato de cuidado e sanidade mental. Nossos pertences nunca devem ser maiores do que o nosso bolso, e nem devem sacrificar nossa responsabilidade financeira com ninguém. Tá na hora de aprendermos a dizer não para nós mesmos e organizar tudo na vida. Nem tudo são flores e festas todo fim de semana; alguns momentos serão de puro sacrifício e bolso vazio, porém, a consciência e a sensação de dever cumprido estarão totalmente plenas. Desde cedo comecei a trabalhar, ter dinheiro e me sustentar, porém, não faz muito tempo que aprendi o valor disso tudo.
Por Mayrlla Sousa
Por Mayrlla Sousa
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